A PANDEMIA E O ‘DEUS DESCONHECIDO’

maio 5, 2021Palavra Episcopal

A PANDEMIA E O ‘DEUS DESCONHECIDO’

E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos. Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: “AO DEUS DESCONHECIDO”. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio.

Um autor grego chamado Diógenes Laércio em sua obra “As vidas de Filósofos Eminentes” fala de um interessante episódio. Ele conta que, por volta do século VI a.C., uma epidemia terrível tomou conta da cidade de Atenas matando milhares de pessoas. Alguns diziam que aquela epidemia era uma maldição sobre Atenas. As orações e os sacrifícios aos deuses gregos de nada estavam adiantando.

A solução foi buscar um sábio (profeta) chamado Epimênides da ilha de Creta, que servia a um Deus Desconhecido (e Sem Nome). A chegada do sábio cretense é narrada pelo escritor Don Richardson em sua obra intitulada “O Fator Melquisedeque”: “(?) Ao chegar a Atenas, Epimênides conseguiu um rebanho de ovelhas pretas e brancas e soltou-as na Colina de Marte, dando instruções para que alguns homens seguissem as ovelhas e marcassem o lugar onde qualquer delas se deitasse. O propósito aparente de Epimênides era dar a qualquer deus ligado à questão da praga a oportunidade de revelar sua disposição em ajudar, fazendo com que as ovelhas que o agradassem ficassem deitadas, como um sinal de que as aceitaria se fossem oferecidas em sacrifício. Algumas das ovelhas deitaram e os atenienses as ofereceram em sacrifício sobre os altares sem nome, construídos especialmente com esse propósito. A praga foi assim removida da cidade.”

Os governantes, então, decidiram construir altares em homenagem ao Deus Todo Poderoso apresentado por Epimênides, que miraculosamente fez o que nenhum outro deus do panteão grego pôde fazer. Foi quando perguntaram ao Sábio de Creta: “Qual o nome do deus que gravaremos sobre esses altares?”. “Nome?”, repetiu Epimênides, “A divindade, cuja ajuda buscamos, agradou-se em responder à nossa admissão de ignorância. Se agora pretendermos mostrar conhecimento, gravando um nome quando na verdade não temos a menor ideia a respeito dele, temo que vamos apenas ofendê-la!”. “Não podemos correr esse risco”, concordou o presidente do conselho. “Mas com certeza deve haver um meio apropriado de dedicar cada altar antes de usá-lo”. “Tem razão, sábio conselheiro”, declarou Epimênides com um sorriso. “Existe um meio. Inscrevam simplesmente as palavras ‘AGNOSTO THEO’ (A UM DEUS DESCONHECIDO) no lado de cada altar. Nada mais é necessário”

Aproximadamente seiscentos anos após o relato da Praga de Atenas, o Apóstolo Paulo, indignado com tamanha diversidade de ídolos no Areópago, resolveu anunciar o Evangelho usando como plataforma o ainda existente altar vazio do ‘AGNOSTO THEO’ (A UM DEUS DESCONHECIDO).

Nesse tempo de pandemia e aparente descontrole, a mensagem de Paulo em Atenas continua a nos lembrar quem está no controle:

“O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas; E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação” (Atos 17.24-26).

O nosso Deus criou a terra. Ele nos criou. Ele nos deu vida e respiração. Ele está no controle! O que isso significa para nós?

Em primeiro lugar, significa que não precisamos viver com medo. A nossa vida está nas mãos de Deus. Ele sabe todas as coisas! Ele conhece o fim desde o princípio!

Em segundo lugar, significa que precisamos entender, definitivamente, que Deus não nos prometeu imortalidade. Ele nos prometeu vida eterna!

Tenha um abençoado mês de Maio!

Bispo João Carlos

1 Comentário

  1. Marcos F.

    Gostei muito do comentário acima. Já havia ouvido a história mas não me lembrava do livro. Obrigado por ter compartilhado a referência.

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