Filipenses 4:22 “Todos os santos vos saúdam, mas principalmente os que são da casa de César”.
Escrevendo aos irmãos de Filipos, Paulo coloca nos versículos finais uma menção aos “santos da casa de César”. Isso é espantoso! Vamos avaliar os motivos:
I – Conjuntura da época:
O Império Romano era centralizado e estava no ápice do poder político, social e religioso. O imperador, como uma figura central, tinha um status de deus. A “Pax Romana” era o termo usado para expressar que toda a paz vinha do zelo de Roma e da figura do deus imperial.
Um autor alemão chamado Klaus Wengst disse: “A Pax Romana representava segurança na fronteira”. E dizia ainda: “Não há quem não pense na majestade desse império”.
Os poetas ”poetavam” sobre essa aparente grandeza. “Esse homem (o imperador), rebento do divino, trará tempos áureos…”, dizia o poeta Virgílio. Plínio, outro poeta,dizia: “Tudo está bom, graças a majestade do domínio de Roma… São deuses… Os deuses deram aos romanos uma Segunda humanidade…”. Esse orgulho e essa idolatria eram sustentados pelos governantes que recebiam cultos. Há uma inscrição na Ásia Menor dizendo: “Augusto (o imperador) é salvador do gênero humano”. As pessoas prestavam culto ao Imperador César Augusto (que significa abençoado). Um decreto dizia: “Toda honra ao deus-Augusto…”.
No denário, moeda da época, havia a figura de Cesar de um lado e do outro lado um desenho da deusa vitória com um ramo de oliveira. Outras moedas traziam a figura da deusa Pax pisando na cerviz dos vencidos. Em Marcos 12:15-17, Jesus menciona a figura do imperador na moeda: “Então ele, conhecendo a sua hipocrisia, disse-lhes: Por que me tentais? Trazei-me uma moeda, para que a veja. E eles lha trouxeram. E disse-lhes: De quem é esta imagem e inscrição? E eles lhe disseram: De César. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E maravilharam-se dele.”
II – Tudo isso era a “casa de César” e ainda mais:
Ser cidadão romano era ser considerado em um patamar nobre. Paulo, por exemplo, menciona esse status em Atos 16:37-38 “Mas Paulo replicou: Açoitaram-nos publicamente e, sem sermos condenados, sendo homens romanos, nos lançaram na prisão, e agora encobertamente nos lançam fora? Não será assim; mas venham eles mesmos e tirem-nos para fora. E os quadrilheiros foram dizer aos magistrados estas palavras; e eles temeram, ouvindo que eram romanos”.
Ser cidadão romano dava o direito de oprimir outros que não fossem romanos. Havia um orgulho muito grande e uma história repleta de abusos aos conquistados. Os impostos sobre os não romanos eram altíssimos. Havia muita depravação sexual e todo o tipo de perversidade entre os costumes daquela época. Um prazer da época era ver cristãos sendo jogados em arenas… A perseguição dos romanos aos cristãos era muito grande.
III – Mas, apesar de toda a corrupção, imoralidade e crimes que dominavam o palácio dos imperadores e todo seu império, ali viviam cristãos sérios e comprometidos.
Haviam pessoas ali que se conservavam fiéis em todo o tempo.
Haviam pessoas que viviam em santidade naquele lugar.
Haviam pessoas que estavam no mundo, mas não eram do mundo.
Haviam pessoas que assistiam tudo isso, mas não partilhavam daquilo, pois havia temor de Deus no seus corações.
Haviam santos na casa de César…
Paulo estava preso em Roma, mas apesar disso ele reconhecia o desafio e tinha a oportunidade de testemunhar o evangelho. Por meio disso, pessoas se convertiam e viviam em santidade em meio a uma situação de completa impiedade. Paulo floresceu onde estava plantado, como José em Génesis 49:22 “ José é um ramo frutífero, ramo frutífero junto à fonte; seus ramos correm sobre o muro.”
Exercer a santidade em um contexto perverso e distante da realidade do Reino é, ao mesmo tempo, um desafio e uma oportunidade. Você e eu fomos chamados a ser santos e espalhar santidade bíblica por onde formos, de tal maneira que, onde estivermos possamos levar vidas aos pés de Jesus.
Que os santos da casa de César nos sirvam de inspiração para nossa vida e testemunho diários!
Bispo Fernando Cesar Monteiro
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